Carniato Frank Lloyd Wright e a arquitetura que não fere a paisagem

Carniato

Frank Lloyd Wright e a arquitetura que não fere a paisagem

ARQUITETOS

 

Os traços arrojados, ainda hoje tão criativos e diferenciados de alguns de seus mais de mil projetos (quase 500 deles ainda em pé), surpreendem a quem descobre que o autor teria mais de 150 anos de idade, se estivesse vivo.

Uma de suas obras ícone, a Casa da Cascata, é a prova contundente dessa característica da arquitetura de Wright, que fazia os espaços interiores e exteriores parecerem um a extensão do outro.

Frank Lloyd Wright casa da cascata

frank lloyd wright: casa da cascata de frente

frank lloyd wright: casa da cascata por dentro

Mas Wright não se rotulava ou restringia a uma única escola (apesar de ter desenvolvido uma), tendo em seu repertório um espectro tão vasto de estilos que incluem desde uma casa no estilo “Queen Anne” ao ousado projeto do Museu Guggenheim, em Nova Iorque, ao qual se dedicou de 1943 a 1959.

Frank Lloyd Wright Museu Guggenheim por fora

Frank Lloyd Wright Museu Guggenheim por dentro

Nesta postagem, conheça mais sobre a obra e a trajetória de Frank Lloyd Wright, considerado ainda hoje um dos mais importantes arquitetos do mundo.

Frank Lloyd Wright: forma é função

 

Talvez esta seja uma das mais famosas frases de Wright, quando se referia à arquitetura:

a forma e a função são uma só

Nesse contexto simples, este gênio da arquitetura não tinha nada de simplório, pelo contrário, objetivo e contundente, sabia ser irônico para alertar sobre os cuidados que um bom arquiteto deve ter ao criar seus projetos:

Um médico pode enterrar seus erros, mas um arquiteto, o máximo que pode fazer, é sugerir aos seus clientes que plantem trepadeiras

Com certeza, essa boa dose de cinismo teve origem em sua infância, no interior do Wisconsin.

Confira mais frases de arquitetos famosos e sua visão sobre a arquitetura.

Trajetória de desafios

 

Wright estudou engenharia em seu estado natal, mas abandonou o curso, pouco antes de se formar, para ir trabalhar em Chicago, de 1885 a 87, em um dos mais renomados escritórios de arquitetura da época, como assistente de Joseph Silsbee, famoso construtor de arranha-céus.

Em 1888, passou a trabalhar para outro escritório, o Adler & Sullivan, onde teve papel de destaque e se manteve até 1893, quando deixou essa empresa e se estabeleceu por si próprio, até a virada do século, projetando principalmente residências, algumas delas referenciadas até os dias de hoje.

De 1900 até 17, Wright passa a se dedicar aos projetos que ficariam conhecidos como “Prairie Houses”, algo que poderia ser traduzido como “Casas da Pradaria”, aparentemente as primeiras a incorporarem seu estilo de “planta aberta”, praticamente sem paredes.

Foi a partir daí, nos anos 20 e 30, depois de projetar uma série de casas “futuristas” na Califórnia, construídas com um tipo especial de blocos de concreto chamados “textile”, que Frank Lloyd Wright consolida seu estilo “Orgânico”.

Frank Lloyd Wright exemplo de casa

Algumas das obras que se destacam nessa época são a já citada Casa das Cascatas; a Graycliff, uma imponente residência desenhada para um casal de milionários, à beira do lago Ontário; e a famosa Taliesin West, sua casa de inverno e um amplo complexo que usava de estúdio e laboratório, de 1937 a 59, e hoje é a cede da Frank Lloyd Wright Foundation.

Frank Lloyd Wright Graycliff

frank Lloyd wright Tailesin West

Frank Lloyd Wright se envolveu também em diversos outros projetos ao longo de sua carreira, inclusive em uma série de conceitos de desenvolvimento de bairros suburbanos que ele reuniu sob o nome de Broadacre City.

Ele defendeu essa ideia em um de seus mais de 30 livros, “The Disappearing City”, que redigiu em 1932.

Wright se entusiasmou tanto pela ideia que criou um modelo em escala de 12 metros quadrados desta comunidade do futuro, e passou a divulgá-lo em diversas apresentações, nos anos seguintes, aproveitando-se do fato de ser um conferencista famoso e muito requisitado.

Muito ligado a este movimento arquitetônico inovador, está um modelo de casas que ele idealizou, chamadas de “Usonian Houses”, empregando novos conceitos construtivos, com telhados chatos e sem a necessidade de fundações.

Frank Lloyd Wright Usonian House

O objetivo era que fossem casas práticas, para serem usadas pela classe média. O foco da moradia era uma lareira, estrategicamente posicionada.

Frank Lloyd Wright se envolveu incansavelmente no aperfeiçoamento da Broadacre City até a data de sua morte, em 59.

Se inspire também com a história de Lina Bo Bardi e conheça todo o seu legado.

Legado de Frank Lloyd Wright

 

Além das paixões que comentamos aqui sobre “as comunidades suburbanas do futuro” e as “Usonian Houses”, Frank Lloyd Wright era um verdadeiro artista, que sabia manter o equilíbrio entre a tradição, a funcionalidade e a beleza quase romântica de suas obras, sem deixar de inovar sempre.

Dizia que a arquitetura deve pertencer ao seu entorno, ao local onde vai se situar, para adornar a paisagem:

O edifício bom não é o que fere a paisagem, mas sim aquele que a torna mais bonita do que era antes dele ser construído

Wright era um arquiteto que, com certeza, estava à frente de seu tempo, tanto na maneira como moldava as formas na construção, como nos próprios métodos inovadores usados para isso.

Frank Lloyd Wright Casa Robie

Suas linhas orgânicas e naturais pareciam se integrar com a natureza, mesmo que detalhes inovadores, por vezes, sobressaíssem.

Muitas de suas ideias ainda hoje são consideradas bases para os melhores conceitos de arquitetura e do design, mesmo depois mais de um século.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *